Caminhoneiros autônomos, que não estão ligados a transportadoras, entraram em greve nesta segunda-feira (21) contra os aumentos seguidos no preço do diesel. A categoria já havia prometido a paralisação na semana passada se não fossem atendidas uma série de reivindicações apresentadas ao governo federal.
A Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), entidade que convocou a greve, ainda não tem um balanço nacional, mas há paralisação confirmada em ao menos sete estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito, Santo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Veja abaixo alguns pontos afetados pelas manifestações.
SP: Jacu-Pêssego, marginal Pinheiros, porto de Santos.
Em São Paulo, na zona leste da capital, a avenida Jacu-Pêssego, no sentido Ayrton Senna, próximo à rua Jaime Ribeiro Wrigth, estava com duas faixas interditadas entre 8h e 10h, de acordo com informações da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Por volta das 8h, uma manifestação ocupava quatro faixas da Marginal Pinheiros no sentido Castelo Branco, pouco depois da Ponte Octavio Frias de Oliveira (Estaiada), na zona sul da capital paulista.
Ainda na Marginal Pinheiros, havia bloqueio no sentido Interlagos, perto da Ponte Jaguaré, na zona oeste, por volta das 10h.
No início da manhã, também havia paralisação no porto de Santos. A administração do porto informou que caminhoneiros protestavam no acesso ao porto pela cidade de Guarujá, gerando lentidão no trânsito. O protesto também acontece no acesso pela cidade de Santos, mas sem interdição, com fluxo de veículos normal.
Na rodovia Presidente Dutra, sentido capital, protestos entre os km 101 e 106, na região de Pindamonhangaba, travavam o trânsito, de acordo com a concessionária CCR Nova Dutra. Em Lorena, também rumo a São Paulo, havia interdições entre os km 50 e 51. Nas cidades paulistas de Jacareí e São José dos Campos, manifestantes ocupam faixas e o acostamento da Dutra.
Também havia protesto na região de Paulínia, no interior do estado, na rodovia Zeferino Vaz (SP-332).
MG: região metropolitana de BH
Em Minas Gerais, caminhoneiros bloquearam a rodovia BR-262, em Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte. Durante a madrugada, chegaram e interditar a via incendiando pneus.
RJ: Dutra, Washington Luiz e BR-101
No Rio de Janeiro, segundo a Polícia Rodoviária Federal, caminhões estão parados nos acostamentos da BR-393 (Rio-Bahia) perto do km 104, na região de Sapucaia.
Situação semelhante ocorre na rodovia Presidente Dutra – principal via de ligação entre os estados do Rio e São Paulo. Há manifestantes nos km 275 a Km 278. O protesto, segundo a PRF, causa congestionamento. Na altura de Seropédica, na Baixada Fluminense, também há protesto, mas os caminhoneiros ocupam apenas o acostamento.
Há registros de protestos, ainda, na BR-101 (Rio-Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense), onde pneus chegaram a ser incendiados para bloquear a pista, de acordo com informações da Band, e perto da cidade de Itaborai, na região metropolitana.
DF: Rodovia BR-040, em Brasília.
Também há registros de manifestações no Distrito Federal. Na região de Brasília, caminhoneiros fazem protesto na rodovia BR-040.
PR: Quatro Barras e Paranaguá
No Paraná, a Polícia Rodoviária Federal informou interdições parciais em trechos da rodovia Régis Bittencourt (BR-116), na região de Quatro Barras, e da BR-227, em Paranaguá.
De acordo com a PRF, manifestantes bloquearam desde cedo uma faixa em cada sentido da BR-277 em Paranaguá. Na BR-116, os caminhoneiros interditaram uma das faixas da pista no sentido São Paulo. A manifestação ocorre em frente a um posto de combustíveis, na altura do quilômetro 67, em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba.
Também há protestos na BR-376, nas regiões de Ponta Grossa, Mauá da Serra e Califórnia, e na BR-153, perto de Santo Antônio da Platina e de Ibati.
No fim de semana, a Justiça Federal no Paraná havia proibido que caminhoneiros bloqueassem totalmente qualquer rodovia federal que cruze o estado, sob pena de multa de R$ 100 mil por hora em caso de descumprimento da medida. Associação diz ser contra bloqueios A Abcam, entidade que convocou a greve, diz que não apoia interdições ou bloqueios em rodovias. Segundo o presidente da organização, José da Fonseca Lopes, a proposta é que os caminhoneiros não saiam de casa para trabalhar ou que fiquem estacionados em postos de combustíveis. "Não precisamos fechar estradas, colocar fogo em pneus ou até mesmo pôr em risco o patrimônio de terceiros", disse a entidade, em comunicado à categoria. A Abcam reúne cerca de 700 mil caminhoneiros autônomos. Segundo Lopes, a paralisação só vai terminar quando o governo decidir negociar o corte de impostos para baixar o preço dos combustíveis. Os caminhoneiros reivindicam que as alíquotas de PIS/Pasep e Cofins sejam zeradas, além da isenção da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Os impostos representam quase a metade do valor do diesel na refinaria. Diesel na refinaria subiu 58% desde julho Os caminhoneiros autônomos dizem estar no limite e afirmam que uma carga tributária menor daria fôlego ao setor, já que o diesel representa 42% do custo da atividade. Os aumentos do diesel são resultado da nova política de preços da Petrobras, que repassa para os combustíveis a variação da cotação do petróleo no mercado internacional, para cima ou para baixo. Nos últimos meses, o petróleo tem apresentado forte alta. Desde 3 de julho do ano passado, quando o novo método de reajustes foi adotado, o preço do diesel comercializado nas refinarias subiu 57,78%. A inflação oficial no Brasil acumulada entre julho de 2017 e abril de 2018 (último dado disponível) é de 2,68%. A reivindicação dos caminhoneiros é apoiada pelos donos de postos de combustíveis, que dizem estar perdendo margens com os aumentos de preços. Segundo o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, o setor vai sugerir ao governo a redução dos impostos e também que a Petrobras faça o reajuste em intervalos maiores. Última greve foi em 2015 A última vez que os caminhoneiros promoveram protestos nacionais foi no início de 2015, quando exigiram redução de custos com combustível, pedágios e tabelamento de fretes. Os protestos duraram vários dias e paralisaram dezenas de rodovias em um movimento que afetou as exportações do país. Os caminhoneiros somente suspenderam o movimento quando o governo da então presidente Dilma Rousseff aprovou a chamada Lei do Caminhoneiro, que reduziu custos em rodovias com pedágios.
fonte: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/05/21/caminhoneiros-protesto-diesel.htm